para voltar a amar os processos

Você já parou para pensar sobre os começos, os recomeços e os fins? A vida pulsa em ciclos constantes: o nascer, o crescer, o morrer. Os recomeços são tão intrínsecos ao nosso mundo quanto a memória, a digestão, as estações do ano. Tudo parece dançar em espirais, mas, confesso, às vezes me sinto meio perdida nessa repetição, nesse eterno recomeçar e nesse inevitável terminar.

Por isso, hoje vamos mergulhar nos:

PROCESSOS

Todos nós temos uma vaga ideia do que é um processo, mas essa palavra é tão vasta e utilizada em tantos contextos diferentes que queria refinar nosso entendimento para o nosso bate-papo de hoje.

Buscando algumas definições, encontramos:

  • Significados.com: "Processo é uma palavra com origem no latim procedere, que significa método, sistema, maneira de agir ou conjunto de medidas tomadas para atingir algum objetivo."

  • Wikipédia: "Processo (do latim procedere) é um termo que indica a ação de avançar, ir para frente (pro+cedere) e é um conjunto sequencial e particular de ações com objetivo comum."

Para mim, refletindo sobre minha própria vida, percebo que estive e estou imersa em diversos processos: terapêutico, de crescimento pessoal, imigratório, criativo, de aprendizagem... E nesta conversa, gostaria que pensássemos que o processo é onde a transformação acontece, onde a magia se manifesta. É o caminho que nos leva ao lugar que almejamos.

As ideias e os começos podem ser belíssimos, uma faísca inicial pode ser maravilhosa, mas sem o processo, ela pode nunca se concretizar. Ou o contrário também acontece. Os finais podem ser justificados ou não, podem nos levar exatamente onde queríamos ou para outros destinos inesperados. Em suma, começos e fins seriam vazios sem a rica experiência do meio.

Existem diversas coisas que nos conectam intrinsecamente com a ideia de processos, afinal, nosso próprio corpo e o mundo ao nosso redor são uma sucessão deles: o ciclo do dia e da noite, as estações do ano, os rituais que nos marcam, a alimentação, o sono, nossos ritmos corporais, as fases da lua, o ciclo menstrual e hormonal.

E, mesmo com essa constante demonstração da importância dos processos, muitas vezes nos esquecemos deles.

Queremos apenas os fins e os começos (que, por sua vez, são novos começos também!). E essa é uma realidade que estou vivenciando agora: a primavera, essa estação de renascimento, o pós-carnaval, a chegada de abril... tudo me leva a repensar projetos, a decidir se eles vão se encerrar, se transformar ou recomeçar de alguma outra forma. Quais processos precisam ser retomados e quais precisam ser finalizados? E aposto que você também está passando por algo parecido.

Encontrando a Magia no Caminho: minha lista

Existem algumas atividades que nos ajudam a observar e a nos conectar mais profundamente com os processos. Queria compartilhar algumas que já experimentei e que me trouxeram algum aprendizado, quem sabe elas também te inspirem a viver seus próprios processos de forma mais presente:

  • Fazer pão

  • A maioria dos fazeres criativos

  • Pegar o transporte público

  • Observar plantas e animais

  • Tarefas domésticas

  • Documentar a vida

  • Fazer seus próprios produtos

Porém, ao invés de focar em uma lista de coisas a fazer, o objetivo deste episódio é justamente o oposto: falar sobre a calma, sobre o processo em si, sobre o meio, o que pode ser considerado chato, longo, sem distrações, sobre algo que pode ser tão simples como escovar os dentes, mas que às vezes parece algo pesado de se fazer.

Por isso, queria encerrar falando sobre a necessidade de se apaixonar pelos processos e de enfeitar essas jornadas, sejam elas quais forem para você. É nos processos que as mudanças realmente acontecem – seus dentes ficarão limpos, por exemplo.

É como aqueles pais que fazem um aviãozinho para o filho comer ou falam sobre os bichinhos que moram na boca para o filho escovar os dentes. A imaginaçao, um motivo bom, sustenta os processos.

E ao ver meu desejo pelo processo morrer eu começo a me perguntar se minha magia também já morreu.

Eles - os pais - aprendem a enfeitar, eles colocam magia, criatividade e paixão em um processo que poderia ser monótono. Ou sao elas - as crianças - que fazem tudo ficar novo e diferente, até mesmo a tarefa mais simples do dia?

Um exemplo pessoal são as bruxas. Com suas vassouras, elas limpavam a casa; com seus caldeirões, cozinhavam; com sua linguagem peculiar, faziam feitiços, curavam e realizavam transformações. Elas acolhiam os processos. Se eu fizer minha própria pasta de dente, me sinto mais conectada com essa "magia" e talvez procrastine menos na hora de escovar os dentes. Ou se eu mesma plantei aquela batata há semanas, fazer uma sopa agora se torna um ato mais encantado.

Acredito que no mundo em que vivemos, muitos desses processos estão sendo cortados sem que percebamos. E com processos interrompidos, fica difícil se envolver genuinamente, difícil entender o porquê de fazermos o que fazemos: por que eu trabalho? Por que eu como? Por que estou aqui na academia agora? Por que preciso escovar meus dentes?

A figura da bruxa tem sido um símbolo presente na minha vida porque, como atriz, gosto de imaginar e incorporar um pouco desse papel, de usar minha imaginação para pensar em como uma bruxa iria para a academia, por exemplo. Para você, pode ser outro símbolo: uma pessoa que veio do futuro, como ela olharia para nossa comida hoje e prepararia algo? Ou, como mencionei, você pode fazer isso com um amigo, documentar em um vlog, tirar fotos das suas refeições ou da sua escova a cada vez que a usar...

Há uns anos, tenho feito esse exercício de imaginar e incorporar personagens para me ajudar a pensar na beleza e na magia dos processos por eles mesmos, sem distrações, sem querer solucionar o processo, sem querer acelerá-lo. Apenas observar a transformação acontecendo ali, diante dos meus olhos.

E espero que você tenha encontrado algo útil nessas reflexões para aplicar aos seus próprios processos por aí.

EU AXO que você vai gostar…

E

ste é o nosso quadro final, (no meu podcast) onde EU AXO que você vai gostar de alguma leitura, série ou filme.

Já tentei fazer episódios inteiros focados em resenhas, mas percebi que assisto, leio e vejo tanta coisa que quero falar sobre tudo!

Então, vou tentar deixar essa parte mais breve no final dos episódios, como uma forma de me despedir.

Hoje, quero indicar o anime Frieren.

Uma obra que me trouxe muita paz. Ele não foca no começo nem tem um fim definido, mas sim na jornada de uma elfa que viaja pelo mundo com sua mala, fazendo amigos ao longo do caminho. Os nomes dos personagens em alemão dão uma camada a mais para quem sabe a língua também.

Eu achei esse anime engraçado, é uma obra super sensível e calma, que me fez pensar sobre o tempo.

Frieren, dispoível na Netflix, de Kanehito Yamada und Tsukasa Abe


FIM - fins?

Este foi mais um episódio do EU AXO. Se você chegou até aqui, pode ter notado que não coloco anúncios nem tenho trechos patrocinados. Gostaria de manter este projeto assim pelo maior tempo possível. Por isso, existem algumas formas de você apoiar meu trabalho:

  • Você pode visitar meu site e me manter em mente para trabalhos. Sou podcaster e trabalho com locução, edição, além de ser atriz. Falo inglês e alemão também, e no meu site você pode conferir meus portfólios. Caso precise de uma direção criativa, alguém para gravar e editar algo, ou parcerias em projetos desde a escrita até um feat em uma música, seja para você ou me recomendando para alguém, essa é uma ótima forma de apoiar meu trabalho.

  • A segunda forma é através de doações diretas. Doe aqui!

  • E uma forma simples e poderosa é compartilhar este episódio com alguém, postar e repostar nas redes sociais, me marcando em @aline.axo

Espero ter ajudado a borbulhar ideias e reflexões sobre os seus processos por aí. Tento lançar episódios toda terça-feira – com e sem vídeos, com e sem convidados, às vezes em inglês, português ou alemão e outras línguas que estou aprendendo. Então, espero vocês na terça que vem, se todos os processos derem certo!

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